Fala-se muito de casa sustentável. Mas quais os requisitos para uma casa ser sustentável? Qual é o seu conceito de sustentabilidade?

Acredito que ao pensar em ter uma casa sustentável, vale ter uma autorreflexão de como você encara o dia a dia dentro e fora da sua casa hoje. Afinal, o que de fato tornará uma casa sustentável, é a mentalidade dos moradores que estão nela.

 

Vamos explicar…

 

Existem muitas opções de projetos e materiais sustentáveis, porém, não adianta pensar em construir uma casa com energia solar e não dar a mínima para separar o lixo da sua casa.

Ou pensar em comprar algum material que se diz ecologicamente correto, mas que é fabricado na China e atravessa oceanos para chegar até você.

 

Então, ao pensar em construir uma casa sustentável, faça essa reflexão e pense em adquirir novos hábitos caso você ainda não os tenha.

Pensar em um futuro sustentável é sempre bem vindo, e quanto mais pessoas conseguirem fazer essa reflexão melhor será o mundo para as próximas gerações.

 

A primeira ideia que a maioria tem quando começa a pensar em uma casa sustentável, é que ela será feita de materiais sustentáveis. Claro, isso é muito bom e faz parte do processo, porém, mais importante que isso, é um projeto bem feito, de forma a otimizar o uso de recursos que serão necessários no seu dia a dia.

 

Podemos dividir os recursos de uma casa em três frentes principais: energia, água, vegetação.

 

1 – Energia:

Construir uma casa pensando em sua eficiência energética talvez seja o ponto mais relevante em uma casa sustentável.

Priorize projetos que tragam muita luz natural em seu dia a dia e, portanto, reduza bem o seu consumo de energia.

Posicionar bem a sua casa no terreno em relação ao sol, pensando em deixar a área privativa mais fresca, também será uma vantagem, já que você poderá descartar o uso de ar condicionado ou ventilador.

 

Da mesma forma que a boa iluminação consegue reduzir o uso de energia, a ventilação cruzada é fundamental para a entrada e saída de ar, renovação do ar e diminuição da temperatura no interior do ambiente. A ventilação cruzada ocorre quando portas e janelas de um ambiente são colocadas em paredes opostas ou adjacentes, no sentido dos ventos locais, permitindo assim a entrada ou saída de ar.

Ainda falando de energia, começamos a pensar em recursos renováveis e não renováveis. Já temos hoje, forma de gerar energia limpa em residências, como já explicamos aqui.

 

Mais um recurso que pode ajudar na eficiência energética da casa, são as paredes verdes. Se aplicadas em paredes com grande incidência de sol, elas conseguem reduzir em até 5 graus a temperatura interna do ambiente.

 

2 – Água:

É difícil encontrar hoje em dia, quem tenha a real noção do quanto estamos perto de uma crise hídrica gravíssima.

Estudos da UNU dizem que até 2030, enfrentaremos déficit de água de 40%. Projetando isso para 2050, o cenário é de que a cada 3 pessoas, 2 sofrerão com a falta de água. A menos que seja mudado desde já, drasticamente a forma de uso desse recurso vital.

Para quem vai construir, é importante que seja pensado e incorporado ao seu projeto, um sistema de captação de água da chuva e de águas cinzas (geradas em pias e chuveiros). O reuso de água para vasos sanitários, jardins, lavar carros, garagens e afins, pode reduzir significativamente o consumo de água de uma residência.

É importante apenas ressaltar que o uso das águas cinzas são mais restritos. Ela não poderá ser utilizada para regar árvores frutíferas e hortas, por exemplo.

 

3 – Vegetação:

É claro que hoje, no meio dos centros urbanos, é muito difícil encontrar um terreno com vegetação nativa. E mesmo encontrando, você talvez opte por não compra-lo pelas complicações que poderá ter ao extrair a vegetação nativa na área que pretende usar para construir.

Porém, o que poucos sabem, é que é possível trazer a vegetação nativa original de volta para o terreno, como explica esse artigo da GBC.

A vegetação nativa no seu quintal sobrevive por si só, sem precisar de tantos cuidados como a vegetação que sofreu intervenção humana.

Além disso, abrir novamente espaço para a vegetação em centros urbanos contribui para a estabilidade climática, redução da poluição sonora, sombreamento e absorção de raios solares, além de auxiliar no balanceamento hídrico e na qualidade do ar.

 

Dessa forma, começamos a ver que a sustentabilidade estará presente muito mais no uso da casa do que na construção em si.

O que você de fato precisa, é fazer com que a casa a ser construída, seja pensada para ter essas práticas sustentáveis desde o seu projeto, evitando maiores gastos com adequações futuras.

Você ainda terá um grande ganho financeiro a longo prazo, quando o custo da implantação desses novos recursos são diluídos.

 

Estima-se que a redução de energia chegue a até 80% e de água em até 40%.

 

Sobre materiais utilizados na obra:

É importante que você também tenha além de uma consciência sustentável, uma consciência social.

Certifique-se de onde vem toda a matéria prima da sua casa. Busque fornecedores regionais que dispensem o deslocamento longo, que é feito utilizando recursos não renováveis. Incentive e fomente a economia local e para que novos fornecedores responsáveis apareçam.  

Por último, se responsabilize pelos resíduos gerados na sua obra. Da mesma forma que você separa o lixo, separe metais, telhas, pedras e afins, e descarte-os em lugares adequados.

 

E lembre-se sempre. Caso você não saiba por onde começar existem profissionais qualificados para te auxiliar.

Hoje em dia, existem inúmeras certificações para casas sustentáveis e um profissional poderá te ajudar inclusive a certificar da sua, caso essa seja a sua expectativa.

Contar com ajuda de profissionais qualificados que já sabem todos os processos para construir uma casa sustentável sem maiores complicações é sem dúvida uma grande vantagem.